terça-feira, 16 de abril de 2013

ALDOUS HUXLEY.




Quanto ao objetivo ideal do esforço humano existente em nossa civilização, há cerca de trinta séculos tem havido uma concordância geral. Desde Isaías até Karl Marx, as vozes dos profetas têm sido uníssonas. Na Idade de Ouro pela qual anelavam, haveria liberdade, paz, justiça e amor fraterno. “Nação não erguerá espada contra nação”; “o livre progresso de cada um conduzirá ao livre progresso de todos”; “o mundo estará cheia da sabedoria do Senhor, como as águas enchem os oceanos”.
Com referência ao objetivo, repito, tem havido por longo tempo um acordo geral completo. O mesmo já não se pode dizer quanto aos caminhos a serem seguidos para atingir tal obetivo. Aqui, a unanimidade e a certeza cedem lugar à maior confusão, ao impacto das opiniões contraditórias dogmaticamente mantidas e manifestadas com violência e fanatismo.
Ao invés de avançar em direção ao objetivo ideal, a maioria dos povos do mundo está rapidamente dele se desviando. […] Um outro doloroso e significativo sintoma é a calma com que o público do século 20 aceita certos relatos por escrito e até mesmo fotos e filmes sobre massacres e atrocidades. Pode-se alegar, como desculpa , que durante os últimos 20 anos as pessoas ficaram tão saturadas de horrores, que estes já não excitam piedade pelas suas vítimas ou indignação contra os que os executam. Permanece, porém, o fato da indiferença: e como ninguém se incomoda quanto aos horrores, mais horrores são perpetrados.
Intimamente associada à regressão do gênero humano no campo da caridade, está o declínio da consideração do homem pela verdade. Em nenhum período da história do mundo a mentira organizada tem sido praticada tão desavergonhadamente ou, graças à moderna tecnologia, tão eficientemente ou em tão vasta escala…
ALDOUS HUXLEY.
Ends And Means. 

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