Despertamos para a Vida que pulsa, que vibraque vaza,
que canta, a cada minuto e momento!!!... e adormecemos,
às vezes, cobertos por cinzas do cotidiano, que obscurecem
o colorido exuberante e vivaz dos instantes,
quando sorvidos com intensidade, vontade, paixão!...
Talvez, tenhamos que adormecer e despertar,
tantas vezes, durante a trajetória vital, simplesmente para
não esquecer de nossa fragilidade e força, para nos relembrar,
todos os dias e horas, da finitude infinda de tal tessitura:
dos fios que nos bordam, nos envolvem e enlaçam,
das linhas que nos desenham, conduzem, entrelaçam,
da urdidura incessante e mirabolante da história.
Talvez, precisemos despertar, adormecer e sonhar,
para que sejam reinventadas as cores e esperanças, as cintilâncias
que entrevemos nas frestas do cotidiano (aparentemente) banal...
Assim, vamos vislumbrando as fulgurações do afeto,
do amor e da arte, nas aberturas das noites, das manhãs,
dos meses, na travessia dos séculos, no girar do mundo,
dos astros, das constelações... Quem sabe, nos arrisquemos
aos vôos e travessias, e viajemos, à deriva, em alguns momentos
venturosos de luminosidade azul-lilás, entremeados de turquesa,
alizarim, violeta, e respingados de verde ou coral,
em que possamos sentir a alma bailando aos quatro ventos,
na direção deste saber insabido e volátil que nos move, nos instiga,
impulsiona!... Entretanto, para isso precisamos navegar
com vontade e coragem, entre cinzas e cintilâncias, alimentar
as esperanças, exercitar as asas, todas as noites,
todas as horas, todos os dias!!!
(Ana Luisa Kaminski)
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