O SILÊNCIO DAS ASAS...

O SILÊNCIO DAS ASAS...
Este é um canal aberto pelo qual atrevo-me a deixar os sentidos em incubação até que eles transcendam e se transformem numa febre ardente,louca, amável e pensante,para que os olhos trafeguem livres por entre as imagens mudas sobre o grito das palavras soltas. Porém cada fragmento aqui lapidado tem cheiro de terra,jeito de arte, gosto de vida e sabor de pólem. São como as folhas esquecidas que choram no outono,é como um beijo liberto no vazio para que possa ser levado suavemente no assanhar colorido das asas inquietas das borboletas...(lucas)

O Silêncio das Asas

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O violinista no metrô





A beleza está em todas as coisas, é tudo uma questão de observação.
Sempre haverá um detalhe ou outro que despertará algúm interesse
instintivo ao nosso olho, ao nosso bem estar temporário.
A sensibilidade não está exatamente no fato de vc estar
aberto para esta bensão, mas sim em estar receptível ao singelo,
ao delicado , ao mais puro dos nossos instantes...
onde não existem rótulos que divergem entre o que é feio ou bonito.
Original é tudo aquilo que simplesmente acontece, o instante
concebe como autentico, puro na sua essência de raiz...
Ou seja,
único como um todo...
Isso completa o ser, fluidifica e alimenta a alma!
O texto que garimpei da Martha resume na íntegra o fato!
E nos prova ,como somos desatentos para pureza dos instantes...
abraços! LUCAS

O violinista no metrô

(Martha Medeiros)

Aconteceu em janeiro. O jornal Washington Post convidou um dos maiores violinistas do mundo, Joshua Bell, para tocar numa estação de metrô da capital americana a fim de testar a reação dos transeuntes. Desafio aceito, lá foi Bell de jeans e camiseta às oito da manhã, o horário mais movimentado da estação, para tocar no seu Stradivarius de 1713 (avaliado em mais de US$ 3 milhões) melodias de Bach e Schubert. Passaram por ele 1.097 pessoas. Sete pararam alguns minutos para ouvi-lo. 27 largaram algumas moedas. E uma única mulher o reconheceu, porque havia estado em um de seus concertos, cujo valor médio do ingresso é US$ 100.

Todos os outros usuários do metrô estavam com pressa demais para perceber que ali, a dois metros de distância, tocava um instrumentista clássico respeitado internacionalmente. Não me surpreende. Vasos da dinastia Ching, de valor incalculável, seriam considerados quinquilharias se misturados a quaisquer outros numa feira de artesanato ao ar livre. Uma jóia correria risco de ser ignorada se fosse exposta numa lojinha de bijuterias, e ninguém pagaria mais de R$ 40 por uma escultura do mestre Aleijadinho que estivesse misturada a anjos de gesso vendidos em beira de estrada.

Desinformados, raramente conseguimos destacar o raro do medíocre. Esta história do violinista demonstra que não estamos preparados para a beleza pura: é preciso um mínimo de conhecimento para valorizá-la. E demonstra também que temos sido treinados para gostar do que todo mundo conhece. Se uma atriz é muito comentada, se uma peça é muito badalada, se uma música é muito tocada no rádio, estabelece-se que elas são um sucesso e ninguém questiona. São consumidas mais pela insistência do que pela competência, enquanto que competentes sem holofotes passam despercebidos. Gostaria muito de ter circulado pela estação de metrô em que tocava Joshua Bell. Não por admirá-lo: pra ser franca, nunca ouvi falar deste cara. O que eu queria era testar minha capacidade de encantamento sem estímulo prévio. Se ainda consigo destacar o raro sem que ninguém o anuncie. Tenho a impressão de que eu pararia para escutá-lo, mas talvez eu esteja sendo otimista. Vai ver eu também passaria apressada, sem me dar conta do tamanho do meu atraso.

Pequeno Anjo!
Antes de sair, lava devagar o rosto
na água do arco-íris.
Bebe seu chazinho de pétalas de rosa branca
- amarela não, que dá azia.
Escova devagar as asas, pluma por pluma.
Só depois de bem bonita é que bate de leve
na porta da nuvem ao lado.

Que a vida te seja leve! Lucas

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